#MeNeither: A polêmica resposta de Catherine Deneuve ao movimento #MeToo
A atriz e outras artistas francesas assinaram um manifesto criticando o movimento contra o assédio sexual
Os ecos do movimento contra o assédio sexual, surgido há poucos meses em Hollywood, pôde ser sentido com força em todas as partes do mundo. Mas nem sempre em forma de palavras de apoio. Recentemente, o jornal francês Le Monde publicou um manifesto, escrito e assinado por mulheres, que critica duramente o #MeToo, lançando a controvérsia na mídia e nas redes sociais.
As participantes formam o coletivo #MeNeither. Trata-se de uma centena de artistas e intelectuais francesas, com a atriz Catherine Deneuve à frente, e personalidades como a cantora Ingrid Caven e a cineasta Brigitte Sy, entre outras.
O manifesto, redigido pela escritora Catherine Millet, apresenta ideias que poderão colocar em xeque todos os progressos que, nos últimos anos, e com muitíssimo esforço, tantas mulheres alcançaram, com o objetivo de acabar com a violência de gênero e o assédio sexual.
Catherine Deneuve pide perdón a las víctimas de abusos tras su artículo contra el “puritanismo sexual” https://t.co/vLsZvcTnlG vía @elpais_cultura
— Belauza (@jbautentico) 15 de janeiro de 2018
Em primeiro lugar, elas acusam o movimento #MeToo de usar “os argumentos da proteção das mulheres e sua emancipação para vinculá-las a um estado de vítimas eternas”. Mais adiante, elas colocam como verdadeiras vítimas os próprios denunciados, “homens sancionados no exercício de sua profissão, obrigados a renunciar, enquanto eles apenas erraram ao tocar um joelho e tentar roubar um beijo”, e defendem sua “liberdade de importunar”.
As reações e críticas diante do texto controverso não demoraram a aparecer. Entre elas, destaca-se a declaração da ativista Caroline de Haas, realizada em conjunto com várias militantes feministas da França, que afirma: “Com esse texto, ela tentam impor o tabu que começamos a levantar”, enfatizando que “misturam deliberadamente uma relação de sedução baseada no respeito e no prazer com a violência”.
"Les porcs et leurs allié.e.s ont raison de s'inquiéter", réponse à la tribune publiée dans @lemondefr sur @franceinfoplus. Avec notamment @laurenbastide, @Claranote, @wonderlucie, @DASILVAMADELINE, @Sophie_Busson, @LaboDeLaLegiste, @enervee, @stophdr https://t.co/4R4eHcXMzq
— Caroline De Haas (@carolinedehaas) 10 de janeiro de 2018
Além disso, Haas expõe o fato de que muitas das participantes do manifesto são conhecidas por defender agressores sexuais e banalizar violências desse tipo. Sem ir muito longe, há alguns meses, Catherine Deneuve defendeu o cineasta Roman Polanski, denunciado pelo estupro de uma menina de 13 anos na década de 1970.
Embora os conceitos apresentados no texto de Deneuve e companhia possam parecer um retrocesso na luta feminina, a verdade é que as inúmeras e contundentes respostas a ele demonstram o contrário: os tempos de silêncio terminaram. Nós, mulheres, não ficaremos mais caladas diante da agressão, da desigualdade e da injustiça.
E você, o que opina sobre o manifesto do #MeNeither?
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