Em 75% dos casos de estupro, a vítima conhece o criminoso

No Brasil, um crime silencioso destrói a vida de cinco mulheres por hora – ou 120 por dia! O pior de tudo: os autores estão logo ali, às vezes na mesma casa, na sala de aula, no aplicativo de paquera ou até dividindo a mesma cama por anos e anos. 

No país são registrados 45 mil casos de estupro por ano – número que as autoridades acreditam ser muito maior, já que as mulheres ainda têm medo de denunciar esse tipo de violência. 

O mais estarrecedor é que a grande maioria dos casos, 75% para ser mais exato, acontece dentro de casa, por alguém conhecido - pai, padrasto, amigo, marido ou namorado – boa parte deles poderia ser considerada, inclusive, “homens de bem”. 

O crime se torna ainda mais hediondo quando tomamos conhecimento de que 70% das vítimas de estupro que precisam recorrer ao sistema de saúde são crianças e adolescentes. 

O estupro é caracterizado como qualquer tipo de relação sexual sem o consenso mútuo. Nem sempre é violento, nem sempre tem a cara assustadora de um bandido desconhecido. Um dos tipos mais comuns, por exemplo, é aquele em que o homem ameaça deixar a mulher caso ela não queira fazer sexo naquele momento. 

“Estupro é qualquer penetração, ato libidinoso ou a tentativa de um desses atos praticados sob violência ou grave ameaça”, explicou à Revista Cláudia a defensora pública Ana Rita Prata, coordenadora auxiliar do Núcleo Especializado de Promoção dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de São Paulo. 

O Ligue 180, a central de denúncias de crimes contra mulher, registrou um aumento de mais de 1.000% no número de ligações em uma década – de 250 chamadas por ano, passou para mais de 2.500. Isso não mostra que o número de casos de estupro aumentou, mas que as mulheres estão mais cientes da violência que sofrem e estão tomando coragem para denunciar. 

Dados: Instituto Patrícia Galvão/IPEA

Fonte: Cláudia

Imagem: Shutterstock