Você abre mão de tudo por um filho?

Há uns dias, uma jornalista de uma emissora de TV anunciou a sua demissão para cuidar da filha de 6 anos. A notícia se espalhou pelo mundo materno e os julgamentos não tardaram a aparecer. Agora, me diz: o que esse povo tem a ver com a vida pessoal da mulher e da família dela? 

Eu enxergo nessa decisão uma enorme força dessa mulher – além disso ser problema dela, e não meu. Mas, desse tema, veio a dúvida: você abre mão de tudo pelos seus filhos? Até que ponto você pensa neles primeiro para depois pensar em você?

Isso é um assunto muito pessoal. Até porque cada família é um mundo. A gente não precisa chegar no polêmico mérito da vida profissional da mulher (ai, maternidade!). Basta olhar para as pequenas coisas. Você tem mesmo que fazer tudo sozinha e não há nada que possa delegar?

Você precisa carregar a maternidade como se fosse um fardo?

Para que serve um pai ou uma avó, pelo amor de Deus?

Tenho uma lista de coisas que não abro mão. Preciso delas para me sentir feliz. E, já alertam todos os especialistas maternos: você precisa estar bem para criar um filho bem. Certeza que eu seria uma mãe mais louca se ficasse o tempo inteiro em casa (e estou sentindo esse drama com o home office em tempo integral!). Eu preciso trabalhar, ver gente, debater, discutir. Eu preciso alimentar o meu ego profissional. E filho não faz isso. 

Eu também gosto e preciso correr. Tenho que fazer isso em alguns dias da semana. Meu filho mais velho até dispara vez e outra: “mamãe, você precisa sair para correr, porque está muito brava!”. 

E, para isso acontecer, preciso – e insisto - que o pai assuma os 50% que lhe cabe, pois não quero segurar a bomba sozinha. Ele tem que educar também, que dar bronca e conversar. Tem que segurar a onda em casa com os dois, enquanto eu saio para correr ou para tomar uma com as amigas. Tem que ser pai, oras. Não é favor, veja bem! É Fifty-fifty, saca?

A gente negocia daqui, dali e chega a um acordo. Todo mundo cede um pouquinho e faz a coisa funcionar. Eu tenho as minhas exigências, o marido tem as dele. E, se tiver que abrir mão, que assim seja. Sua família, seu mundo, lembra? 

Abriu mão, pronto, passou. Mas o que não vale é jogar na cara. Porque, se tem uma coisa chata na vida, é mãe que manda conta.

Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos. 
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes. 

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