A vida não é uma pracinha
Essa frase não é minha, é da minha amiga Bárbara Saleh, que tem blog, é mãe e é gente como a gente. A vida não é fácil não. E não é mimimi materno. É ter mil coisas para administrar, para fazer, para cuidar. Mas esses dias rolou um vídeo no universo materno (de mais um blog materno) sobre uma mãe que não gosta de ser mãe (ela odeia ser mãe, segundo o blog). Eu não quero julgar ninguém, mas nenhuma pessoa é obrigada a ter filho, concorda?
Colocando a polêmica de lado, eu queria falar sobre o ódio. Por mais difícil que seja a maternidade, é sério que rola ódio? É sério que nada gera amor, carinho, paixão?
O sentimento ódio é totalmente oposto ao amor, no meu entender. Gente, ter ódio de algo é sério. Terapia é pouco.
Segundo o Michaelis, odioso é: Aversão ou repugnância que se sente por alguém ou por alguma coisa; antipatia; desprezo.
Como eu disse, a vida não é uma pracinha (adoro essa frase). Eu tenho dois filhos, e longe de mim achar que a maternidade encanta. Mas criar seres humanos me faz feliz: ensiná-los a amar, não odiar; a serem educados, não ser serzinhos birrentos; a acertar e a errar. E só tendo amor para fazer isso.
Entendo os momentos de “que m... o que eu fiz da minha vida?”. Quem nunca sentiu isso numa situação difícil com as crianças? Mas daí a chegar ao ódio? Sei lá, acho um artifício tão pejorativo, tão busca pela maravilhosa audiência do universo materno...
Acho um termo pesado. Principalmente quando se fala de mãe e filhos. Porque, a partir do momento que você tem um blog, e que coloca todas as suas ideias para o mundo, você se torna formadora de opinião. E aí você induz aquela mãe que está cansada, que está p... da vida, que está lidando com tudo sozinha, a achar que odeia o filho e que odeia essa vida que ela mesma escolheu.
A vida não é uma pracinha. Mas a maternidade é um tobogã, eu complementaria a frase da minha amiga Bah. Cheia de altos e baixos, cheia de conflitos. Cheia de pedras no meio do caminho. Mas aí, nega, como diz a frase, “quem pariu que balance”, né? Beirar o ódio é algo surreal.
Zapeando pelo tal blog, vi uma seguidora falando para a mãe entregar o filho para uma instituição. Ela rebate, dizendo que o filho tem 12 anos e que não seria fácil e que ela, inclusive, planejou essa gravidez. Oi???
Você passou 12 anos da sua vida alimentando esse ódio? Você passou 12 anos da sua vida criando uma criança à base de ódio e de amargura?
Terapia, pleaseeee!
(Principalmente para essa criança!)
Ok, você planejou e até achou que seria legal, que seria o que as capas de revistas falam: um mundo doce feito mel (vamos considerar a ingenuidade aqui, tá?!). Mas, quando caiu na real, você não fez nada para mudar? Para ser diferente? Você realmente ficou, todo esse tempo, condicionada ao ódio?
Não acho que isso seja normal. Eu focaria todo esse ódio em muitas outras coisas que acontecem diante dos nossos olhos. Mas nunca na maternidade, mesmo sabendo que a vida não é uma pracinha.
Mas, aí, já é a minha opinião...
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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