Um rótulo para chamar de meu
Eu poderia ser uma baiana falsa. A mãe perfeita, a mulher exemplar. Mas estou muito longe disso. Só que me exponho aqui, ali e em outra URLs. E aí dou margem para falarem, não é assim? Esses dias foi lançada uma campanha de telefonia na qual algumas celebs tiveram que cutucar a própria ferida. A carapuça serviu, tá? Para quê bancar a mãe perfeita?
Quem lê o que eu escrevo –e depois senta comigo numa mesa de bar– percebe que tem um grande espaço entre a mãe que escreve e a que atua na vida real, com Gabriel, Rafael e Jarbas, entre as paredes frias de São Bernardo do Campo. Não que seja mentira, mas o mundo não é um algodão doce com Zerocal. A gente grita, perde a linha, bebe mais vinho do que devia e manda os filho tudo dormir na cada da vovó para ter paz (não é sexo, é paz!).
Você pode me rotular de certinha, de família Doriana, de menininha-que- ganhou-a-vida-em-São-Paulo. Você até pode esquecer dos anos de faculdade, das três especializações ou do MBA, que diferença isso faz? O que vale mesmo é que eu tenho um rótulo para chamar de meu. Mas quando a tela do laptop se apaga, nega, quem roda a baiana aqui com a chuteira molhada no meio da sala sou eu. E não queira estar por perto.
Na minha teoria, rótulo só serve mesmo na prateleira. Aqui, na pegada do dia a dia, ele vai pro molho até se despedaçar na água quente. E lixo.
E, na boa, acredita quem quer na grama mais verde. Na amamentação por dois anos seguidos, quando se tem metas do departamento para alcançar. Acredita quem quer no sexo três vezes por semana ou na feliz vida a dois -> sem grana. Na mãe em tempo integral sem a Peppa na TV. Ou no emprego que tolera a sua licença maternidade de seis meses de boa, sem preconceitos.
Não se iluda. Mãe perfeita? Não existe. Grama mais verde? Nem a dos 7 a 1 da Alemanha. Família Doriana? Bobinha, ali todo mundo cortou a gordura do cardápio, há tempos.
Crie seu próprio rótulo. Se reinvente. Vida a vida. E pare de achar que o mundo perfeito é aquele que você não faz parte!
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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