Somos todas Rafaelas
Eu sei que esse tema está repetitivo, que todas as emissoras e portais brasileiros estão batendo nessa tecla, mas eu não poderia ficar calada. Olha o desempenho dessas mulheres nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Elas nos representa, pois somos todas guerreiras. Eu, você, Rafaela, Marta, Formiga...
Sabe aquela cara que a Rafaela entrou na final que lhe deu a medalha de outro? Aquilo não é marra, como disseram uns, aquilo não é jeito de sapatão, como disseram outros. Aquilo ali, minha gente, é determinação. É força, é vontade de chegar e dar o melhor.
Vim aqui pra vencer? Então vou vencer!
Lembrei do meu trabalho de parto. Não vim aqui pra parir? Então vou aguentar essa dor!
Lembrei a minha primeira São Silvestre, quando eu estava, às 5 da tarde do último dia do ano, me arrastando pelo percurso São Silvestre. De repente, eu escuto um grito de um torcedor (adoro esses torcedores bebuns da São Silvestre): “Você veio aqui pra correr!” Sim, moço, eu vim. E é isso que eu vou fazer. E fiz.
E não é mimimi de que a gente sofreu mais, que sofremos preconceitos, que de o mercado de trabalho nos sacaneia. Não é frescurinha. A gente dá o sangue mesmo. Tive certeza quando terminei de subir correndo a avenida Brigadeiro Luiz Antônio e peguei a minha medalha. Tive certeza quando olhei nos olhos dos meus dois filhos. Tive certeza quando vi a cara de Rafaela, após a confirmação da sua vitória.
E não é apenas porque a Marta joga melhor que o Neymar. Ou porque eu corro mais do que um algum homem ou tenho amigas que mandam muito melhor no trabalho do que esses executivos engravatados por aí. É porque a gente faz com uma determinação muito maior. Mas aí a gente vira mito, vira estatística, já reparou?
“Nossa, viu o ritmo dela?”
“Essa mulher joga bem, hein?”
“Você viu a concentração dela para vencer?”
A gente sempre foi assim, gente!
A diferença é que agora deixamos de ser o sexo frágil para virarmos mulheres lutadoras e guerreiras sob os olhos admirados de uma sociedade que antes fingia não ver.
Não somos mito nem estatísticas. Somos mulheres. Somos Rafaelas.
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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