Pra quando é seu bebê?

Você encontra na rua aquela sua antiga conhecida, grávida, com o barrigão exuberante, e manda, sem pensar: “Que linda! E aí, marcou para quando?”. Muito cuidado! Atrás dessa pergunta, aparentemente inocente, pode estar uma grande ofensa!

Sua velha conhecida pode ser uma defensora fervorosa do parto normal-natural. Ela pode estar fazendo o possível e o impossível para ganhar o bebê em casa, orientada por uma doula, gastando muito dinheiro e contrariando a opinião de muita gente que considera tudo isso uma “loucura”.

E aí, você, completamente desinformada sobre todo este universo grávido, poderá abalar todas as estruturas de sua amiga com esta pergunta sobre cesariana...tsc, tsc...

“Mas, todo mundo faz”…. Sim, muitas fazem. Praticamente 80% das mulheres atendidas nas redes pública e privada no Brasil. Será que as brasileiras estão sofrendo alguma mutação na espécie que tira a habilidade em parir e que apagou da nossa memória que somos mamíferas?

Veja bem: na época da sua avó, ter filho em casa era o normal. Todo aquele ritual entre mulheres, onde eram colocados em prática os segredos de gerações de parteiras, ocorria ali, no conforto do quarto, que era preparado para receber a criança como num ninho.

Mas, o tempo foi passando… nós, humanos, precisamos de tudo tão limpinho! Então vamos lá: hospital, luzes, macas, medicamentos, agulhas, cirurgia, adrenalina! Alguém nos convenceu que parir com bisturis e anestesia é mais seguro. Além disso, marcar o dia é mais confortável, prático. Concordo: quando estava lá tendo as minhas contrações pelo segundo dia seguido, esperando o parto de cócoras do meu filho, pensei justamente nisso! Por que diabos eu não marquei?

Mas… havia me informado, sabia que meu corpo era capaz disso e que, apesar da dor por algumas boas horas, depois do parto, eu estaria novinha em folha pra cuidar do bebê! E foi o que aconteceu: sem anestesia, sem hormônios e num hospital público que fez meu parto humanizado. Até lavei o cabelo depois de parir e parece que não podia de acordo com a tradição milenar... mas, sobrevivi. Aprender a trocar fralda e fazer arrotar depois da mamada foi bem mais difícil!

Mulheres donas de seu corpo, que bem informadas podem decidir o que fazer com ele na hora hora do parto, para o seu próprio bem e o do filho. Mulheres que são protagonistas e não apenas coadjuvantes deste importante momento. Algumas carregam segredos ancestrais de nossa natureza no momento de trazer à luz uma criança. Mulheres que têm mãos sagradas para ajudar outras neste momento, como as parteiras dos tempos bíblicos. Saiba por que algumas mulheres daqueles tempos têm “mãos de ouro” com na linda história contada em THE RED TENT (A Tenda Vermelha).