Por mais cartas e mais sentimentos
Esses dias Gabriel fez um projeto na escola sobre cartas. Além de aprender sobre endereçamento, destinatário, remetente e tals, ele escreveu uma carta ao leitor, reclamando de um produto (parece a mãe, rs), e uma carta para um amigo da escola, que foi de fato endereçada e postada. Assim como a cartinha dele, a da colega Beatriz também chegou por aqui. Quando eu peguei aquele envelope branco na caixa do correio, eu senti um frio na barriga. Não pela carta para o meu filho (e a minha curiosidadezinha contida em abrir), mas por chegar uma carta em casa. Déjà vu total da minha infância e das trocas de cartas que eu tinha com meu pai.
Em cada canto do mundo que painho pisava ele escrevia um cartão postal para mim. Com letra de forma para eu entender bem e com a sua assinatura característica, que sempre terminava com uma carinha feliz, o nosso emoticon da época.
Eu, ainda sem saber escrever, já personalizava etiquetas para meu pai poder “selar” seus envelopes. Fazia o clássico desenho da casinha, nuvens, gaivotas e arco-íris e deixava de presente para ele, aquela folha repleta de cores e cheia de funcionalidades.
Nossa comunicação, durante a minha infância, foi predominantemente via cartas. Tenho muitas guardadas e esses dias chorei pra valer lendo algumas. Achei uma carta da minha irmã (na qual ela declara que eu sou a “uva de sua plantação”), achei uma longa carta de meu pai após uma séria briga (que eu me membro perfeitamente). E achei os postais, as viagens, as saudades em forma de papel e caneta.
Durante a nossa última trilha, no Grand Canyon, achamos um cartão postal que subiria os 40 quilômetros de mula para, enfim, receber o selo do post office americano. Por isso essa carta demoraria um pouco mais, avisava o impresso.
Escrevi pros meninos e deixamos para a postagem. A carta chegou alguns dias após o nosso retorno. E teve muito mais graça pra gente do que para eles. Mas apresentar um pouco para os meninos de um hábito que eu tinha com meu pai quando criança me fez tão bem… Foi algo bem saudosista mesmo.
Gabriel abriu a carta da amiguinha Beatriz, leu e o projeto parou por aí. Mas dias depois escreveu uma carta para o vovô (o meu pai) e pediu para que eu postasse no correio.
Ele pode até não ter demonstrado tanta empolgação com o meu postal da mula do Grand Canyon. Mas eu acho que plantei uma sementinha dessa minha doce lembrança nesse meu filhotinho!
Cartas e cartas de papy
O planeta pirou e reportagem sobre a importância do voto: Pappy visionário
Sobre a sua viagem à Europa e um mapa do roteiro
Cartões e cartões de aniversário. Sempre!
Carrinhas do filho. Ele desenha, escreve, põe no envelope e fala: "o carteiro chegou!!!"
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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