Os filhos da mãe

Esse é o meu primeiro texto para o Lifetime. E quando conversamos sobre as pautas (afinal, cada coluna que escrevo acaba tendo uma personalidade diferente), entendi que a minha missão é falar um pouco da Nanna mulher, assim, do jeito que eu sou. Mas, peraí, como separar toda essa história de mulher e mãe? Quando uma coisa termina e começa a outra?

Primeiro eu preciso apresentar os filhos da mãe, dessa mãe que lhes fala: Gabriel, que tem quase 8 anos, é dono de uma personalidade superemotiva, cheio de questões existenciais que beiram a uma precoce adolescência. Ama dialogar e “bater um papinho”. E é cheio de teorias sobre a nossa vida em família.

Well, well, well, Gabriel...

Rafael, de 2 anos, chegou para sacudir o coreto. Ele é o avesso do avesso e veio para mostrar para essa mãe que não, que eu não entendo nada. Ele quer tudo do jeito dele, na hora dele... quer ser o centro das atenções. Com ele, 1 + 1 é igual a 356, e só ele é capaz de me mandar da alegria ao pranto em fração de segundos. Ao mesmo tempo, chegou para completar o espaço que faltava, e já é impossível imaginar a nossa vida sem ele.

Por isso, quando o sono deles bate...

Eu... eu sou a baiana meiguinha do sangue quente. É difícil me fazer perder as estribeiras... mas, quando perco, nega, sai debaixo. Casei com o homem da minha vida, por mais difícil que ele seja. E a nossa vida não é fácil e nada diferente da de qualquer casal. Mas eu não tenho muito tempo nem paciência para tristezas. Para mim o copo está sempre meio cheio.

E o que acontece na minha vida? Além da #vidaloka de trabalho, blogs, eventos, livros, textos e viagens, eu costumo separá-la em agendas. Tem hora do filho, tem hora do marido e tem a minha hora. E não vem marcar compromisso às quintas-feiras, entre 7 e 8 da manhã, pois estou na massagem. A noite, quando o sono deles bate, eu faço questão de carregá-los no colo, grudar no cangote e cantarolar, ao pé do ouvido, num ritmo de levada baiana. De Roberto Carlos à Galinha Pintadinha, sem perder o tom! Ainda tem o jantarzinho delícia com o marido, pois é bom agradar o moço. E, na madrugada, eu me entrego aos seriados americanos, um dos meus melhores momentos no estilo “dolce far niente”...

Fora isso, pode embaralhar tudo, pois eu não me importo em mudar o planejamento no meio da semana para fazer na sala uma cabana de tecido e canos de PVC para os filhos brincar e dormir por dias acampados ali.

Os momentos se misturam, e vocês entenderão. Afinal, é impossível separar a mulher da mãe, a mãe da jornalista, a jornalista da esposa e a esposa das amigas. Mas o gostoso da vida é isso. É tudo junto e misturado, como diz uma amiga carioca. É tudo no mesmo balaio, como se fala lá na Bahia. É tipo ser mãe: você nunca sabe o que está para acontecer!

Nanna com seus filhos e o maridão.

Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.

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