O peso de uma briga
Eu tenho sido até repetitiva no tanto que falo que Rafa, aos 2 anos, está arteiro, sapeca, mexedor de tudo e qualquer coisa e sem vergonha. A gente não pode desligar dele e, a quantidade de “nãooooo!” que eu falo, é quase proporcional ao ar que eu respiro. Mas nada se iguala aos conflitos que tenho tido com o mais velho, de quase 8 anos.
Não está fácil e, para quem reclama da fase de 2 anos, já alerto: tudo vai piorar. E para quem está na fase dos oito, como eu, é bom se preparar. Faça as malas e fuja para as montanhas porque a adolescência nos aguarda!
Socorro!
Não tem receita e nem regra. O que tem é limite e respeito. Quando uma dessas pontes de quebra é pau para todo lado. Ele perde a razão com as respostas atravessadas, eu perco a razão com palavras mal colocadas, castigos mal dados e atitudes que me colocam no quartinho da culpa por dias. Como hoje.
Sim, esse é um texto melancólico, cheio de culpa e dor de uma mãe que tenta sempre faze ro seu melhor. Mas não tem sangue de barata, como diz uma grande amiga. E, outra (mãe de dois adolescentes) ainda completou: é muito difícil nos adaptarmos a novos padrões quando temos uma referencia cultural completamente diferente da que temos que aplicar hoje.
O peso é uma briga é infinitamente maior para uma mãe. Vai por mim...
:’-(
E é verdade! Porque, na minha infância, frase atravessada era resolvida lavando a boca com sabão. O palavrão era punido com pimenta na boca. E um chinelo ou um cinto estava sempre à vista. E vai você levantar a voz ou perder o respeito. O couro comia!
Então você se torna mãe, tem como referência os padrões da sua infância, mas tem que lidar com uma DR eterna com o filho –de quase 8 anos– sobre limite, respeito, bullying, ética e comportamento. E você não pode gritar, não pode por para pensar nem pode por de castigo. Não pode fazer chantagem (negociar, é aceitável, mas para mim dá tudo no mesmo).
Ele berra e grita, mas você tem que bancar a egípcia e fazer cara de paisagem. Ah, pode explicar sobre limite, respeito, bullying, ética e comportamento.
Quer saber?
Tá muito difícil ser mãe. Tá muito difícil não carregar a culpa de, um dia, passar das estribeiras. Rodado a baiana ou descido do salto.
É tanto dedo apontado, é tanto conselho politicamente correto, que nem eu sei mais o que acredito ou não. Cada casa tem sua receita e cada família sabe o que faz o bolo crescer. Aqui em casa tem que sentar um de frente ao outro e olhar no olho. Tem chorar junto e pedir desculpa junto e não importa quem errou. Mas tem castigo e tem lavar a boca com sabão se falar bobagem ou faltar com respeito. Aqui em casa tem regras que funcionam aqui em casa. Longe de ser um modelo ideal.
E a realidade vivida com o sangue quente correndo nas veias.
E funciona, mesmo que traga a culpa. É aquele momento que o copo transborda para poder esvaziar. Mas não traz o distanciamento, nem me coloca ausente do que anda acontecendo na vida dos meninos. O amor não diminui, o respeito só aumenta e, novos valores, mesmo que na dor, são adquiridos.
Mas uma coisa não muda:
E escreveu não leu o pau comeu.
Essa regra é da vida!
PS: Agradecimento especial para as amigas que me terapeutizaram no dia de hoje. Dia que eu chorei, sofri e emoções vivi.
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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