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O bem que um irmão faz

Momento Lifetime
Por Lifetime Brasil el 23 de July de 2022 a las 00:30 HS
O bem que um irmão faz-0

Gabriel e Rafael estão em pé de guerra. Pode parecer impossível, aos olhos de quem vê de fora, um menino de dois anos e outro de quase oito quebrarem o pau a todo instante. Um quer abraço, o outro é cheio de não-me-toque. O menor quer tudo do maior, que obviamente, fica pirraçando e fazendo um insuportável joguinho de dou-não-dou. Eles se amam loucamente, mas brigam que tem gato e rato. E hoje, que é o aniversário da minha irmãzinha, eu resolvi olhar o cenário lá de casa – que tem me irritado tanto- de outro ângulo para perceber que, o relacionamento desses dois não é melhor ou pior do que em qualquer outra casa. 

 

Eu e minha sis temos 5 anos de meio de diferença. Hoje ela faz 31 anos e o amor que eu sinto por ela e a vontade de estar cada dia mais perto é tão grande e  parece que aumenta a cada dia. Mas nem sempre foi assim.

 

Não somos filhas do mesmo pai. Ela veio no segundo casamento de mainha e, como irmã mais nova, era ciumenta, chorona e birrenta. Era somente para ela todos os nhé nhé nhés da vida –e de todos.  A culpa, claro, era sempre da irmã mais velha (eu) e a vítima, coitadinha, era sempre ela. 

 

Talvez se houvesse mais insistência por parte da nossa família nós tivéssemos sido mais próximas uma da outra. Mas nossas vidas tomaram rumos diferentes. E, só há uns sete ou oito anos,  o destino (mentira, o trabalho) nos juntou em Sampa. E aqui estamos: a quatro horas de nos encontrarmos para comemorarmos as 31 primaveras de minha maninha. 

 

Hoje somos amigas, companheiras, cúmplices, olho no olho, adivinha de pensamentos e um sentimento só. Ela é dinda de um dos meus meninos e se eu não for dinda de um dos meninos dela o couro come. Hoje a gente se ama como sempre. Mas redescobrimos isso recentemente. 

 

E aí, olhando lá pra casa, esses dias vi Rafinha correndo, todo apressado porque tinha conseguido capturar algum brinquedo do irmão mais velho. Aquele olho azul brilhante, aquela carinha de danado, aquele corpinho roliço de bebê, ele saia em disparada com um brinquedo nas mãos. Vendo a cena, Gabriel, “distraidamente” colocou um pezinho no meio do caminho de Rafa. Assim, meio que deu-uma-vontade-de-esticar-a-perna, sabe? E, obviamente, o pequeno foi ao chão, o brinquedo escorregou de suas mãos e ele perdeu a sua conquista. O mais velho se levantou, pegou o boneco e olhou para o irmão com cara de “quem manda aqui sou eu!” 

 

Mal deu tempo de eu mandar um esporro coletivo (porque aqui a briga é coletiva, nem quero saber quem começou o caos). Na hora veio a lembrança de como fazia exatamente igual. Eu ria por dentro... acudi meu pequeno e, ainda rindo, fiquei pensando que minha irmã, de olhos azuis e brilhantes, corpinho roliço e cara de bebê aprontava horrores comigo, mas eu sempre dava um jeito de mostrar quem mandava na bagaça! 

 

E tudo isso é para dizer que onde existe irmão, existe briga, existe corre-corre, existe confusão. Mas é tão bom ter um broderzinho por perto, é tão bom poder saber que, para o resto da vida, você tem com quem contar; é tão bom saber que esse arranca rabo passa e que o amor e a cumplicidade toma conta de tudo. E era isso que eu precisava para achar graça do amor dos meus dois meninos, já imaginando como eles serão unidos e amados sempre, como eu e minha sis.

 

E hoje ela completa 31 anos. E estamos a poucas horas de nos abraçarmos!

 

 

 


 

Nanna Pretto Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.


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