Médicas negras denunciam que racismo as impediu de ajudar passageiros dentro do avião

Recentemente, duas mulheres médicas negras contaram histórias surpreendentes em que suas habilidades profissionais foram colocadas em dúvida pelo pessoal de voo da Delta Airlines, quando passageiros passaram mal dentro do avião e foi solicitada ajuda médica. Foram duas situações distintas em voos diferentes.

Ashley Denmark (foto destaque), médica de família da Carolina do Sul, descreveu sua experiência a bordo de um voo no Havaí. De acordo com ela, membros da tripulação anunciaram que um passageiro estava mal e perguntaram se havia algum médico para ajudar. 

Olhares intrigados

Denmark prontamente deixou seu assento e se apresentou como médica às mulheres brancas e à comissária de bordo, segundo ela relatou no seu blog. "Imediatamente, fui saudada por olhares intrigados de todas as três mulheres. A comissária de bordo perguntou: 'Você é médica?'". Denmark disse que apresentou a identidade do hospital em que trabalha, mas foi informada pela comissária que duas enfermeiras já haviam se oferecido antes para ajudar. 

"Você pode retornar ao seu assento que agora elas cuidarão disso", informou a comissária. Denmark disse que ficou perplexa em ser dispensada para cuidar de um paciente. 

Assistente, faxineira...

Ela escreveu no seu blog que freqüentemente é confundida com "assistente, faxineira, secretária, enfermeira, aluna, etc., mesmo quando eu uso o meu jaleco branco".

"Este incidente com a Delta Airlines apenas joga luz sobre quantas vezes os médicos afro-americanos e outros profissionais como eu sofrem discriminação", escreveu a Denmark.

"Não temos tempo para você"

Tamika Cross, uma médica obstetra/ginecologista de 28 anos, que trabalha em um hospital em Houston, passou por uma experiência parecida na mesma companhia aérea. Ao se oferecer para ajudar um paciente que passava mal durante um voo, uma comissária duvidou de suas credencias como médica. Ela me disse: 'oh, não, querida, baixe a mão, estamos à procura de médicos reais, ou enfermeiros, ou algum tipo de médico pessoal. Não temos tempo para falar com você."

Cross publicou sua história no Facebook, seu post viralizou e deu origem a um discussão sobre racismo entre as profissões. Sua história teve impacto no Twitter, e a hashtag #whatadoctorlookslike ( como um médico se parece) entrou para os trend topics da rede social. A Delta Airlines anunciou que estava investigando o incidente.

Fonte: The New York Times

Imagem: Reprodução/Facebook - Ashley Denmark