Lugar de mãe é onde ela quiser

Há tempos eu estou pensando em mudar o conceito, a pegada ou o estilo dos textos que eu escrevo. Maternidade é maternidade. Ela estará aí sempre. (Agora mesmo, estou em viagem de trabalho e a minha mãe, que mora no interior de SP, está acampada na minha casa para ajudar meu marido com os meninos. Mãe sendo mãe). Mas tem uma coisa que me irrita. justamente isso de mãe ser mãe e não ser mais porcaria nenhuma na vida. Desse clichê de que lugar de mãe é não sei em qual lugar... pópará! Vira o século e isso ainda está em voga? 

Por isso eu estou mudando o estilão do blog e do que eu passarei a falar nele (e aqui) de hoje em diante. Pra começar: “lugar de mãe é onde ela quiser.” É sobre isso que eu quero falar.  Pode parecer clichê ou lugar comum. Dane-se. 

Lugar de mãe é em casa ou no trabalho. 

É com filho ou sem eles. 

É em casa ou no bar.

É com amigas ou amigos.

É com preguiça ou sem preguiça de educar.

Lugar de mãe pode ser atrás do fogão, mas pode ser também atrás de uma planilha de Excel. 

Tô bem de saco cheio de rotularem a nossa vida. E, não é só porque somos mães, que o lado mulher é esquecido ou colocado sei lá aonde. Mãe sente, mãe sofre, mãe fica cansada, tem TPM, mãe tem tesão, quer beijar na boca. Mãe que dar. E não quer dar também. Mãe é mulher, pô. 

Mãe é igual a qualquer uma que nasce com peito e vagina. A diferença é que carrega uns bacuris à tiracolo. Mas isso não faz (e nunca fará) dela menos mulher. 

Ontem eu li uma matéria sobre uma mulher foi demitida via WhatsApp por ser mãe solteira. A patroa, segundo a reportagem, disse que “não pode ter esse tipo de pessoa na casa dela” e que “seria um “desrespeito com o marido dela” (da patroa).

Chamar a tal patroA de imbecil e pouco. E dizer que as mães solteiras são muito mais foda mães do que nós, bem casadinhas e com muitas mãos para segurar o tranco, é pouco também. A mãe é MULHER. E tem desejos e vontade de mulher. E tem total direito de ser, ou não, casada. 

Quando um não quer dois não brigam, lembra?

Acho que esse texto/post/matéria publicado essa semana foi a gota d’água para parar de falar de desfralde, mamadeira, cesárea e leite Ninho. E começar a questionar os direitos,  desejos, anseios e dificuldades da vida de uma mulher. Que, por acaso, é mãe. 

Aguardem!

Foto: Ana Hiromi / Arquivo pessoal

Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.

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