Impor limites ou proibir. Que diferença faz para uma criança?
Esses dias Gabriel quis assistir um filme que eu não acho adequado para a idade dele. A frase, na verdade, nem é essa. E acho que o filme, com mortes e tiroteio, apesar de bem feito e tals, causará medo e o deixará assustado. Não vejo necessidade de expor a criança de oito anos cenas que certamente o impressionará. Ele bateu o pé, disse que os amigos da escola assistiram, que ele não pode nada e que eu proíbo tudo. Ficou P da vida, óbvio.
O mesmo acontece com os aplicativos. Ele baixou um app de uma rede social de vídeos musicais. Essa foi a minha deixa para falar sobre a classificação indicativa.
“O que é isso, mamãe?” ainda falou resmungando.
Pegamos o celular, vimos a idade (12 anos) e conversamos. Olhamos o filme e lá estava: 16 anos. Nada deu certo. Como agir numa hora que você precisa impor limites ou, de fato, proibir a criança de fazer algo? Quer dizer, proibir é a palavra?
Acho a censura uma palavra feia e forte, que não combina coma educação que eu tive e dou aos meninos. Por outro lado, o não só é verdadeiramente um NÃO se a gente fica firma na decisão. E tem coisas que são inegociáveis, não é?
Eu não acho um problema Gabriel querer assistir o filme do Capitão Nascimento (até porque, em terra de youtubers, Capitão Nascimento é rei!). Só acho desnecessário. Já o app de rede social eu não permito. Por vários motivos que valem um post à parte. E é aí que vem o meu limite, do que eu acho que vai fazer bem ou mal para ele. Sei que o menino não vai dormir, vai ter pânico de assalto, vai ver uma violência que, na boa, não precisa.
A minha saída foi explicar, até mostrar umas fotos do filme na internet e falar a frase que quase sempre fecha as nossas conversas sobre limites: eu acho que não precisa. Se tem a indicação da idade é porque alguém se preocupou em avaliar o que tem no filme. Se você quer muito, a gente assiste, mas eu não vejo necessidade.
Ele emburrou, mas depois passou. E pediu para ver o filme do Chuck.
Ó céus! Eles não entendem nada do que a gente fala...
Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos.
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes.
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