Giselle Itié fala sobre estupro sofrido na adolescência
No Brasil, estima-se que uma mulher seja agredida a cada sete minutos. Esse número deve ser ainda maior devido à violência silenciosa que toma conta dos lares brasileiros. Estupro, agressão física, humilhação e até morte são mais comuns do que a gente imagina – e pior: muitos desses crimes não chegam às autoridades porque as vítimas têm medo de denunciar o agressor.
Uma das vítimas de violência doméstica foi a atriz Giselle Itié. Num relato corajoso e de cortar o coração, ela conta que foi estuprada aos 17 anos “pelo último homem que poderia imaginar”.
A história aconteceu com “X”, um homem 15 anos mais velho de quem foi noiva. Gisele era virgem na época.
A descrição das cenas é chocante. Leia alguns trechos:
“Quando ele apareceu na primeira noite, fiquei sem saber o que fazer. E ele vinha com jeitinho, dizendo que eu era a mulher da vida dele... Era sufocante sentir vontade mas não estar à vontade. Decidir não querer é difícil, ainda mais quando você está com o 'amor da sua vida'.
(...) Em uma das noites, ele pegou pesado. Quando me dei conta, meu namorado foi substituído por um estranho ofegante que não queria me escutar. Implorei para ele sair de cima! Quando comecei a chorar, ele decidiu parar e saiu do quarto magoado. Eu fiquei com uma mistura de alívio e culpa.
(...) X me desejou boa noite e me chamou de Cinderela. Acordei. Olhei para o lado e lá estava ele, dormindo. Olhei melhor e o vi nu. Susto. Me olhei. Nua. O chão forrado de garrafas vazias. Eu forrada de amnésia. Foi difícil sentar. Então vi o que eu já imaginava. Perdi a virgindade. Me perdi.”
Trazer o episódio à tona, torná-lo público, deu forças a Gisele para arregaçar as mangas e se tornar uma ativista na defesa dos direitos da mulher. “Hoje, tenho consciência de todas as situações violentas pelas quais passei simplesmente por ser mulher”, diz.
Leia o relato completo que a atriz publicou na Revista Glamour.
Hoje, ciente de que a vítima não é culpada, Giselle engajou-se na organização do evento Ni Una a Menos Brasil (em protesto contra a violência infligida às mulheres latino-americanas), ingressou no Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher do GMdB (Grupo Mulheres do Brasil) e ajudou a criar o coletivo Hermanas, para quem produziu e dirigiu vídeos educativos.
Pela legislação brasileira, estupro é crime hediondo e pode render pena de 6 a 10 anos de prisão. Muitas mulheres ainda sofrem caladas, com medo que a reação dos seus parceiros se converta em mais violência.
No Brasil, 50,3% das mortes violentas de mulheres são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros. As negras são as maiores vítimas. Os dados são da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, do Ministério da Justiça e da Cidadania.
A Secretaria, inclusive, dispõe de uma central de atendimento à mulher em casos de violência. Basta ligar para o 180 gratuitamente, de qualquer parte do Brasil, a qualquer hora do dia. Todas as informações são anônimas e confidenciais.
Fontes: Spm.gov.br e Revistaglamour.globo.com
Foto: Wikipedia (Creative Commons CC BY 2.0)