(FAT) Girls Just Want To Have Fun
por Camila Barbieri (@camisbarbieri)
Durante (quase) toda a vida fui gorda. Também por isso durante quase toda a vida ouvi pessoas de todos os tipos me dizerem o que eu poderia ou não vestir, comer ou fazer. Ouvi também que ser gordo é repugnante, que “gordo” é ofensa, que sua saúde isso, que seus namorados que nunca vão existir aquilo... E diante disso passei a me perguntar de onde viria essa ideia de que as pessoas podem nos controlar e nos dizer o que merecemos ou não por pesarmos mais que elas. Quem lhes deu essa permissão, afinal?
A conclusão a qual cheguei é que somos repreendidas em muitos momentos porque a sociedade acredita que quem somos é resultado de uma ação errada. Essa ação deve ser remediada, quando não repudiada. Ser “gorda” tem um significado tão negativo que nada que ela faça a exime de ser apenas “uma gorda”.
E, na boa? No final das contas, o que as pessoas precisam entender é que a gorda só quer se divertir também. Quer ter o direito de entrar no brinquedo daquele parque de diversões bem pouco seguro que está passando uns dias na cidade. Quer ir à praia e se sentir à vontade vestindo seu biquíni, tomar sua água de coco e voltar bronzeada do final de semana. Quer também frequentar as mesmas lojas que você e encontrar AQUELE vestido maravilhoso no número 50 sem ter que ir até aquela arara de “tamanhos especiais” que fica escondida num canto escuro, segregativamente. Ser bem sucedida e se sentir realizada fazendo aquilo que sempre quis. Quer ser bem tratada, receber flores, ter alguém que a ama e a considera a mulher mais linda do mundo. Será que esse é um crime tão grande?
A verdade é que sempre vai ter gente dizendo que estamos erradas, por mais que não tenham esse direito. Também sempre vai ter alguém pra te dizer que você não merece ter o que deseja. O que precisamos entender é que ser gordo ou estar gordo não é uma imperfeição ou impeditivo pra qualquer coisa. Não podemos deixar nunca que nos digam o contrário. Por isso use, coma e viva o que quiser. Tenhamos cada vez mais AUTONOMIA sobre os nossos corpos e as nossas vontades. Afinal, eu não tenho tempo pra ser infeliz. E você?
Camila Barbieri
Jornalista, viciada em séries, blogueira, podcaster e canalha por natureza
Blog: http://www.seriadores.com.br/
Twitter: https://twitter.com/camisbarbieri