De nada adianta a vida sem alguém para amar

Não sou a pessoa mais romântica do mundo. Sou facilmente conquistada, tenho alguns sonhos de menininha e nunca acreditei em príncipe encantado. Mas sempre gostei de amar. Não necessariamente um homem, um parceiro. Amar no sentido mais puro da palavra: de se envolver, de estar perto e querer fazer parte da vida dessa pessoa. Sem a troca de ser amada. Amar de graça. Isso sempre me fez feliz. 

Essa minha lógica ficou muito mais fácil depois que tive filho. Porque o amor pelos filhos é algo inexplicável. É transbordante, é inigualável. Ele passa a ser o seu bem maior. O seu maior amor da vida. E por mais que você não espere, existe uma troca incrivelmente bela entre amores sinceros numa relação de pais e filhos. 

E aí tem o amor pela família, pelos pais, pelas amigas. O amor por um ídolo ou por uma pessoa que você admira. E tem o seu amor próprio. 

De nada vale a vida sem alguém para amar. Fato. Mas de nada vale a vida se você não se amar. E isso não significa um culto ao narcisismo ou se achar um ser superior. Significa apenas ter orgulho do que você faz, do que você é e do que representa para as pessoas. Significa você reconhecer seus erros e defeitos. E gostar de você como você é. 

As autocríticas são saudáveis, eu sei. Mas elas precisam ter limites ou virarão um objeto de tortura ao seu alcance a qualquer hora do dia. E se amar significa mudar algumas coisas que você quer, porque lhe farão bem ou porque é de sua vontade, tudo bem. Siga em frente. Mudar é sempre bom. Mas por você, pelo que você acredita e pelo que te faz feliz. 

Esses dias me entrevistaram e perguntaram o que me faz feliz. Ah, são tantas coisas. Dormir tarde, escrever um texto legal, observar uma atitude bacana dos meninos, ajudar alguém, ver os olhos apaixonados do marido, ter a casa em ordem... 

A realização me faz feliz. 

Mas amar alguém me faz feliz também. Me enche de alegria e dá um sentido para a (minha) vida.  Sem romantismo, sem pragmatismo de mulher apaixonada. Amar apenas por amar faz a vida ter sentido. 

Com os meninos, tenho tentado desconstruir essa imagem de homem machão, durão, do “homem de lata sem coração”. É bom falar eu te amo, é bom dar beijo no amigo, é bom chorar quando tem raiva, saudade ou quando tem vontade. Todos os dias eu explico, chamo a atenção, mostro em livros, desenhos ou programas de tevê. Tento ensiná-los o bem que o amor faz. 

E hoje, Rafinha, que brincava com uns bonecos antes de ir para a escola, falou para eles ao se despedir: “tchau, me esperem que depois eu volto. Beijo, te amo; beijo, te amo; beijo, te amo e beijo, te amo!” Deu um bitoquinha em cada um e os colocou sentadinhos. 

Ah, o amor... do que vale a vida sem ele, né?

Nanna Pretto é jornalista, baiana, casada com paulista e mãe de dois meninos. 
É autora do blog Dica de Mãe, que deu origem ao livro “101 coisas que você precisa fazer com seus filhos antes que eles cresçam”. É corredora há mais de 15 anos e tenta fazer da ioga e do ballet um hábito. Ama seriados, reality shows e reprises de filmes. 

FACEBOOK: dicademae / nannapretto
INSTAGRAM: @nannapr | TWITTER: @dica_de_mae 

IMAGEM: I'm Priscilla / Unsplash